O Calopogônio é uma leguminosa forrageira perene, rastejante de crescimento estival, nativa do trópico sul americano.
As folhas são trifoliolada e pilosas em ambas as faces, com formato elíptico e ovalada. Os caules são herbáceos, cobertos de pêlos de cor marrom, com capacidade de enraizamento nos nós que entram em contato com o solo. As flores são de cor azul, e surgem em racemos (cachos) de 4 a 12 flores. As vagens apresentam formato linear ou curvo, cobertas por densa pilosidade marrom e em torno de 5 a 8 sementes por vagem.
· CLIMA E SOLO
É uma planta que cresce em clima quente e úmido, sendo cultivada nos trópicos desde o nível do mar até 2.000 m de altitude, embora seu melhor desempenho seja registrado entre 300 e 1800 m. É uma planta estival tornando-se perene em climas úmidos com precipitação acima de 1125 mm. Em regiões com estação seca ou ocorrência de geadas fracas, perde as folhas e pode morrer durante o período seco, mas se regenera na estação chuvosa, por ressemeadura natural, formando uma densa camada de vegetação num período de 4 a 5 meses.
A temperatura ótima de crescimento situa-se em torno de 30ºC, não tolerando geadas mais severas. Cresce em solos úmidos, apresentando boa tolerância a inundação. Adapta-se a solos leves e pesados, desenvolvendo-se bem em solos com pH 4,5 a 5,0 onde nodula bem com Rhizobium (inoculante) do grupo Cowpea.
· ADUBAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO
O calopogônio possui grande adaptação a solos de média fertilidade natural, sendo capaz de atingir 80% de seu rendimento máximo de forragem, sob 60% de saturação de alumínio e 4 mg de P/kg, além de ser tolerante ao manganês tóxico.
Porém, aconselha-se a corrigir a acidez por alumínio para 0,5 m.e. através do calcário dolomítico, visando fornecer magnésio para melhorar a disponibilidade do molibdênio e assim, auxiliando na fixação de nitrogênio.
A adubação fosfatada se faz necessário quando o teor de fósforo se apresente baixo, em torno de1 a 5 ppm de P, sendo recomendado entre 45 a 60 kg/ha de P205. Como fertilizante, usar de preferência o superfosfato simples que contem também o enxofre necessário as plantas. O superfosfato simples pode ser parcialmente substituído, aplicando-se cerca de 2/3 de P205 total na forma de fosfato natural. Neste caso deve-se elevar a quantidade total de P205 para 60 a 80 kg/ha.
Em solos com teores abaixo de 50 ppm de potássio recomenda-se aplicar em torno de 0 kg/ha de K20 na forma de cloreto de potássio (50 kg/ha).
Se for utilizado somente o superfosfato simples como fertilizante fosfatado, este já conterá a quantidade suficiente do enxofre. Caso outra fonte de fósforo seja usada, será necessário suplementar a adubação com cerca de 30 kg/ha de flor de enxofre.
A aplicação de Zinco, Cobre, Boro e Molibdênio é de grande importância. Recomenda-se aplicar 5 kg/ha de sulfato de cobre, 5 kg/ha de bórax, e 300 a 500 g/ha de molibdato de sódio ou amônia supre as necessidades destes elementos. O molibdênio mesmo sendo necessário em uma pequena quantidade, é importante para uma boa fixa.
Os fertilizantes podem ser aplicados a lanço ou em sulcos, dependendo do tipo de plantio, mas é preferível incorporá-los para que as raízes das plantas atinjam camadas mais profundas. Aplicações muito superficiais podem prejudicar o crescimento das plantas e reduzir a sua capacidade de resistência a estiagem.
Adubações de manutenção poderão ser feitas a cada 3 anos para repor os nutrientes retirados, principalmente fósforo, potássio e micronutrientes.
· SEMEADURA
Pelo fato de se tratar de uma espécie com desenvolvimento inicial lento, aconselha-se realizar o plantio logo após as primeiras chuvas entre os meses de Outubro e Novembro, já no caso de plantio convencional (sem consórcio com outras culturas) o plantio pode se estender até o final de Janeiro, evitando prolongar este período para não prejudicar na ressemeadura natural.
No caso de plantio consorciado com outra forrageira, recomenda-se semear as duas espécies com plantadeira, atendendo-se as proporções recomendadas de sementes. Pode-se também distribuir as sementes a lanço, na superfície, incorporando-as ao solo com uma grade leve.
A profundidade de plantio é entre 02 a 06 cm, pois plantios superficiais não proporcionam bom estabelecimento. Estas profundidades de plantio são obtidas com a plantadeira ou incorporando as sementes com grade leve.
A germinação se inicia 5 a 10 dias após o plantio.
· MANEJO
Em caso de consórcio com outras gramíneas, em torno de 40 a 50 dias após a germinação da leguminosa, deve-se iniciar um pastejo leve com 1 a 2 cabeças/ha, para controlar o crescimento da gramínea e abrir espaço para o Calopogônio.
De acordo com o crescimento do capim, deve-se aumentar a lotação dos animais, sendo que deverá retirar os animais da área até meados de Março para proporcionar o crescimento livre do capim e da leguminosa, já que o florescimento do Calopogônio em meados de Abril (em Campo Grande/MS). Recomenda-se o descanso de 30 dias, visando uma boa produção de sementes da leguminosa e acúmulo de forragem verde para se utilizar na seca.
Após uma produção abundante de sementes do Calopogônio no primeiro ano, pode ser utilizada uma lotação de 2,0 a 2,5 UA/ha no período chuvoso (de Outubro a Março). Recomenda-se um pastejo leve com 1,5 a 2,0 UA/ha entre os meses de Abril a Setembro para descanso das forrageiras.
Este manejo deve-se realizar anualmente, de tal forma que o Calopogônio tenha um crescimento intenso e assim, apresente uma boa fixação de nitrogênio, objetivando aumentar o ganho animal e prolongar a vida útil da pastagem.
· PRAGAS E DOENÇAS
O Calopogônio sofre um ataque bastante intenso de vaquinhas e algumas espécies de lagartas, mas estas pragas, de um modo geral, pouco afetam a sua produção e persistência. Em consorciações com gramíneas estão sendo realizados estudos para verificar o seu efeito sobre a população de cigarrinhas das pastagens. Em certas ocasiões esta leguminosa pode ser atacada por viroses, fato, no entanto considerado raro.